sobre a autora

Uma cena qualquer

domingo, 8 de março de 2009


Mas ao mesmo tempo, enquanto ela andava, ouvia caírem pétalas de rosas...

Não lhe preocupava se os ponteiros do relógio teimavam em correr cada vez mais rápido, como se em algum lugar tivessem de chegar antes que ela. Não via mais as luzes dos faróis ou os vidros dos carros abertos, nem fechados, nem embaçados. Esperava começar a cair a chuva, mas nem isso conseguia. Via as nuvens dançarem e se disperçarem, como a dispensarem, dizendo que não, tolinha, não faremos as vossas vontades. Então suspirou fundo, fechou os olhos e, quando os abriu, já podia ver que tudo ainda estava lá para ser vivido. Não deu para postergar ainda mais os quases, ou fazer como o rapaz do filme que simplesmente esperava. No cinema era que sua vida acontecia. No teatro menos, porque era mais real; à telinha ela pertencia quase que inteiramente. Sentia-se divina e plena, mas não sabia explicar. A ansiedade vinha entrando, aumentando, inquietando, o coração partia a disparar sem dar explicação. Não lhe deixavam ficar ali para sempre.

E mais uma vez se levantou, apertou o botão contra a camisa frouxa e seguiu, tornando a ter que ser quem de fato era.

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