sobre a autora

Obra

sábado, 18 de setembro de 2010

Levantar o prédio de dez andares.
Demoli-lo.
Afastar-se durante a reconstrução.
E se contentar com a possibilidade de que ele não passe mais do térreo.

Não era para ser diferente, desta vez?

Tudo, menos isso

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu aguento qualquer coisa: ficar sozinha, ver filme no frio sem ninguém pra esquentar, ouvir as histórias péssimas das amigas e tentar aconselhar, passar o dia inteiro bem entre um trabalho e outro, tomar floral de Bach e fingir que a felicidade é esse dia a dia que a gente vive de coisa pequena e poucas surpresas.

Mas não me venha com esse barulho de mensagem no celular à noite.
Que aí eu desmorono.

Parece amargura, mas é fortaleza

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cada dia eu me sinto mais próxima e mais distante.
Mais próxima de mim e mais distante de você.
Com tudo isso que eu tenho visto por aí, tê-lo na minha vida tornou-se simplesmente insustentável.
Por isso, abdico. E humildemente, deixo-te ir.
Chega de pensar e repensar e pensar mais uma vez de novo. Eu escolho para mim coisas muito diferentes das que têm sido. E se é só isso que você pode me dar, I kindly refuse.
Aliás, vou me reservar ao direito de recusar seja lá o que for que você tiver para me dar. Já não me interessa mais. O que você faz já está fora da minha alçada de preocupações - antes tarde que mais tarde - e isso me alivia. Tiraram algumas toneladas das minhas costas que têm essa leve curvatura próxima à nuca. E esse afastamento me fez ver que sim, eu posso viver sem você.
E eu prefiro viver sem você.
Agora, pelo menos, sei o que quero e estou fortalecida. Quero quindins, sonhos de valsa e algodões doces. Se tiver um biscoitinho a menos, eu direi a mesma coisa que digo agora:
- Não, obrigada.
Antes só. Antes comigo.

Questão de gosto

domingo, 12 de setembro de 2010

Eu prefiro as goiabas brancas.

Do lado de lá da tela

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Existe vida além do mundo virtual? - pergunta a moça.
Não sei. Só saindo de tudo para descobrir. - vive a moça.

É por isso que eu não escrevo

sábado, 4 de setembro de 2010

Todas as noites, quando chego em casa, eu espero. Mantenho inconscientemente essa mesma esperança que eu já tive várias vezes antes de você: que o seu carro esteja na minha porta. É claro isso nunca acontece, é a vida tratando de me lembrar que não, eu não vivo dentro de um filme de romance e que, com pessoas reais, esse tipo de coisa é bobagem. Mas mesmo assim, um botãozinho dentro de mim liga e eu quero, eu torço, e nunca entro em minha garagem sem antes fazer uma inspeção por todos os lados possíveis. À procura de um carro que já esteve aqui tantas vezes e que pode nunca mais estar. Nessas horas eu queria ser outra pessoa, alguém que sentisse menos, que se importasse menos. Alguém que já tivesse experiência suficiente para não esperar mais esse tipo de coisa. Mas não, tem essa partezinha grande dentro de mim que precisa de ficção, e que vai atrás dela não importa o que aconteça. Não importa o que aconteça.
Ser a melhor companhia que existe para si mesmo é preferir estar com você do que com qualquer outra pessoa. Por que não pode ser assim?
É que a gente não se prepara bem para as coisas. É o mesmo com o ventilador que tem no meu quarto. Nos dias mais frios de inverno, eu duvido dele. Penso: nossa, este ano realmente não vai haver espaço pra essa coisinha, é impossível ficar tão quente a ponto de que eu precise dele. E hoje, não fosse ele, nem conseguiria dormir. Quando a gente encontra conforto, aconchego, quando sossega e fecha os olhos tranquilo, esquece que isso pode simplesmente mudar. Energia se transforma. Baixa a guarda e depois está sozinho de novo tendo que resolver toda a bagunça por si mesmo. Sem ninguém para ajudar.
Os dias frios foram duros este ano. Mas o verão chegou. Vai passar. Vai passar.