sobre a autora

180 graus

domingo, 26 de abril de 2009

Eu não consigo entender como uma pessoa pode viver assim.
Me sinto mal de ficar julgando, inventando, confabulando o que seria e o que não seria melhor para ela, mas minha vontade mais sincera era dar uma rodopiada naquele corpo e fazê-lo se voltar um pouquinho para os lados, para os ares, para a vida.
Porque tem tanta coisa que ela podia fazer. Tem tanta felicidade a ser compartilhada com tanta gente, ou então com uma pessoa especial apenas, se ela quiser. Tem lugar para conhecer, tem viagem para fazer, vinho para tomar, amigos para encontrar. Tem ciranda, tem capoeira, tem tango, tem folclore, até samba tem. E tem tanto potencial, tanta capacidade de ser tudo isso, que eu fico relutante em aceitar esse estilo de vida tão pacato-passivo.
Se ela - a pessoa - viesse, pegasse na minha mão, colocasse uma roupa clara e sorrise para o céu, ah, quanta coisa ela iria descobrir. Quantos cheiros diferentes, rostos familiares, sons agradáveis e temperos deliciosos ela iria encontrar. Mas não. Ela opta, quase que conscientemente, por permanecer. Continuar trabalhando desesperadamente, como se quisesse tapar os buracos da vida com esse excesso de ocupação. Segue sem saber dizer "não quero", "sai daqui" ou "me deixa em paz". Continua levando tudo tão a sério forçosamente, dissimuladamente e descaradamente. Não deixa de contar os dias, as horas e os minutos. Não para de se programar. Olha, não dá o menor espaço, nem uma brechinha sequer, para essa vida que eu teimo em propagar acontecer.
Como é que ela - a pessoa - vai ouvir o canto dos passarinhos? Como ela vai ver que uma árvore está um pouco mais amarelada hoje do que ontem? Como vai perceber a sutil diferença entre um sorriso amigo e um sorriso paixão? Como vai entender o que é caminhar sentindo cada passo, respirando profundamente e vendo coisas que nunca viu antes pelo mesmo trajeto que faz todos os dias?
Para fazer tudo isso, e cada uma dessas coisas, ela - a pessoa - precisa, meu Deus do céu, se libertar. É, let go. Deixar ir o que não vale a pena, deixar ficar o que é puro, o que pode ser bonito. Procurar uma outra forma de viver a vida que possa trazer mais romantismo. Sim, é desconhecido, sim, é desavisado, mas você já não fez isso antes? Foi duro, mas não deu certo? Não foi legal? Po rque é, então, que você reluta tanto em levantar da cadeira de novo?
Eu juro que tento, mas não consigo me conformar. Ela pode ter tão mais da vida, mas não deixa, cara. E por mais que eu me esforce, eu não posso aceitar.

Inquietação

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Belo é o dia em que a gente acorda com alguma coisa para dizer ao mundo.
Não precisa ser nada certo, especial ou complicado demais. Na verdade, você diz pros outros pela simples vontade humana de publicar, em qualquer contexto, seus pensamentos obscuros em busca de alguma forma de identificação ou aprovação. E sempre tem alguma coisa que te motiva a gritar com o universo. Algum acontecimento, uma discórdia qualquer, uma noite de reflexão, uma madrugada de olhos abertos. Coisas necessárias para despertar a sede de viver, a vontade de conquistar, a força necessária pra gente sair da inércia. Pode ser um encontro, uma palavra de outra pessoa, qualquer peripécia do destino, qualquer peça que ele te prega. Mas normalmente surge do inesperado.
Não existe rotina que aquiete esta alma desesperada.