sobre a autora

Não dá mais, não

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Me dá um tempo pra eu escrever? Me dá um tempinho só?
Me dá sossego para ler aquele livro que comecei há tanto tempo, me dá sossego para terminá-lo?
Por que é que eu só consigo me afundar no edredon quando é para cumprir um deadline ou ficar falando de coisa sem importância com pessoas também sem muita importância? Por que não faço isso durante um sábado de chuva, por que sinto essa solidão avassaladora que pressiona por companhia no fim de semana?
De onde vêm as nossas prioridades...
Quando beber cerveja vira a coisa mais prazerosa do seu dia-a-dia, quando você esquece o quanto é gostoso ficar sozinha, curtir a sua casa e você mesma, eu acho que falta tempo. É, não se trata de pormenoridades, estranhezas ou culpabilidades que a gente se impõe nesse tipo de momento. Meu, falta tempo. Simples assim. Eu não consigo nem planejar a próxima viagem para o Rio; não me lembro de levar a papelada pra continuar brigando com meu plano de saúde; sinto sono, muito sono, e aproveito mal o meu dia; arrumei um milhão de trabalhos que não consigo finalizar; me enrolo com cada coisa que é difícil de acreditar. Se eu for fazer o somatório de um dia - é, tipo espremer a laranja pra ver o que sobrou - não sai muita água. Ela tá quase seca. E me dá uma angústia terrível essa sensação de que não tô conseguindo realizar e produzir tudo o que deveria. Não há nada de positivo nisso.
Eu sinto uma vontade louca de dar mais do que eu dou, de aprender muito, muito mais, mas a minha desorganização é a tal ponto dramática que eu simplesmente não consigo concretizar plano nenhum. Nada, nadinha mesmo. Fica tudo por aí, largado pela metade, à sombra do que poderia ser e já não foi, já passou. Como que a pessoa pode viver desse jeito? Porque se eu conto da minha vida para alguém, capaz que achem que tá tudo nos eixos, que a ordem vai chegar pouco a pouco, mas veja bem, eu tô sem ordem há tempo demais. Eu tô deixando penduricalhos na vida há anos demais. Se fosse juntar em um canto só tudo que eu deixei separado por aí, dava pra construir quase uma outra vida, completamente à parte desta.
Como colocar pingos em tantos iis que deixei pelo caminho?
Sinto-me fraca.