sobre a autora

É por isso que eu não escrevo

sábado, 4 de setembro de 2010

Todas as noites, quando chego em casa, eu espero. Mantenho inconscientemente essa mesma esperança que eu já tive várias vezes antes de você: que o seu carro esteja na minha porta. É claro isso nunca acontece, é a vida tratando de me lembrar que não, eu não vivo dentro de um filme de romance e que, com pessoas reais, esse tipo de coisa é bobagem. Mas mesmo assim, um botãozinho dentro de mim liga e eu quero, eu torço, e nunca entro em minha garagem sem antes fazer uma inspeção por todos os lados possíveis. À procura de um carro que já esteve aqui tantas vezes e que pode nunca mais estar. Nessas horas eu queria ser outra pessoa, alguém que sentisse menos, que se importasse menos. Alguém que já tivesse experiência suficiente para não esperar mais esse tipo de coisa. Mas não, tem essa partezinha grande dentro de mim que precisa de ficção, e que vai atrás dela não importa o que aconteça. Não importa o que aconteça.
Ser a melhor companhia que existe para si mesmo é preferir estar com você do que com qualquer outra pessoa. Por que não pode ser assim?
É que a gente não se prepara bem para as coisas. É o mesmo com o ventilador que tem no meu quarto. Nos dias mais frios de inverno, eu duvido dele. Penso: nossa, este ano realmente não vai haver espaço pra essa coisinha, é impossível ficar tão quente a ponto de que eu precise dele. E hoje, não fosse ele, nem conseguiria dormir. Quando a gente encontra conforto, aconchego, quando sossega e fecha os olhos tranquilo, esquece que isso pode simplesmente mudar. Energia se transforma. Baixa a guarda e depois está sozinho de novo tendo que resolver toda a bagunça por si mesmo. Sem ninguém para ajudar.
Os dias frios foram duros este ano. Mas o verão chegou. Vai passar. Vai passar.

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