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Dia comum

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009


Mas quanta coisa a gente vive em um dia!
Acorda 7h30 da manhã de curtas férias com a moça procurando o cartão que ficou na sua bolsa
Volta a dormir e acorda meia hora depois com o moço dando o cheque e dizendo pra por nominal lá na 513 Sul
Aí a moça vem, bate na porta e diz "acorda, Renata, que sua mãe tá chegando"
Tem medo dos passos na escada porque sabe que vai ter que levantar
Ameniza a guerra com um beijo e um abraço
Come um pedaço do abacate por falta de outra coisa
E vai. E experimenta óculos, e cansa, e decide que é esse mesmo.
E a moça chega e te mostra um azul que te deixa a cara dela
E sente alívio e lembra de depositar o dinheiro da poupança pra Deus sabe quando
Pensa em ir pra NY no fim do ano e pergunta: tem jeito? E ouve: quem sabe?
E fala das pessoas que tem saudade e acaba esquecendo das que mais fazem falta
Nada que não possa ser remendado
Ouve da Flórida, do Eugênio Bucci, da matrícula, de formatura e da moça, que não conseguiu nada
E pensa: vai pra França, boba
E faz do orkut um msn
E vasculha, e tem ciúme, e lembra demais de quem nem se lembra tanto
E seca a franja e vai pro jornal
Chega bem humorada por que?
Três pautas, sem chance, algum mal-entendido
E sente tanta, tanta vontade de estar em outro lugar
De um computador para outro
De um telefone para outro
Sempre dando uma olhada para ver se a secretária deixa a mesa livre pra fazer aquele interurbano de graça
Não dá
Recebe mensagem da amiga que dá saudade depois de dois dias
Olha para a colega que está indo embora e sente um aperto forte no coração
Come pastel de queijo
Pastel de frango
E suco de caju
Escuta alfinetadas que poderiam simplesmente deixar de acontecer
Lembra de quem não quer lembrar e sente dúvidas, muitas dúvidas
Acaba o texto e esquece da foto
Se vira para a matéria ter como sair
E quando já não dá mais, vai embora
Com o rádio desligado da Hora do Brasil e do saco cheio de trance
Chega no curso, sozinha, e liga para moça perguntando se ela vem mesmo
Ufa, tá chegando
Descobre que a língua francesa é muito mais linda do que se lembrava
Recebe bronca e dá bronca, mas finge que nada aconteceu
Chega lá e vê um lugar que agrada muito, com música boa e pessoas legais
Vinho e chocolate quente
Pensa que jornalista só fala de jornal, mais uma vez
Idiotices, cigarros, telefonemas, nostalgia, depressão, alegria, gargalhada
Pombos
E pensa que tudo valeu a pena.
E sente uma vontade louca de eternizar o que viveu.
E tem em si todos os sonhos do mundo.

3 comentários:

Anônimo disse...

não lembro de ter lido um texto teu antes... mas olha, amei Reps! vou virar frenquentadora desse seu lugar aqui! =) beijocas, Gersiane

Unknown disse...

No meu caso: senta a bunda na biblioteca E PONTO FINAL ihuhiuhih
Bons tempos de 500 mil coisas pra fazer, nham.

anareis disse...
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