sobre a autora

Ando comigo

domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje a minha amiga, muito estupefata depois de eu falar o que tinha feito na última noite, disparou o tiro: "Renata, você já reparou que faz dois sábados seguidos que você não sai para a balada?"
Eu tinha reparado. Na verdade, percebi isso enquanto olhava da minha cama pela janela e via o céu carregado na madrugada deste mesmo sábado. De camisola debaixo dos cobertores, eu respirava aliviada por poder dormir a hora que quisesse sozinha, sem ter ninguém a quem agradar. E também por não ter qualquer compromisso que me forçasse a sair dos meus ultraconfortáveis e convidativos edredons antes do exato momento em que desejasse. Tudo bem que acordei com um barulho de secador no banheiro ao lado, mas já eram 2h15 da tarde e o fim de semana voa. O fato é que escolhi, nesses dias e muitos outros recentemente, ficar bem quietinha comigo mesma. Pessoalmente, essa escolha é bem dificil. Na maioria das vezes, prefiro estar com qualquer outra pessoa. Mesmo que nos decepcionem, nos entediem e desagradem, distrações exteriores são sempre mais bem-vindas do que nossa própria companhia. Isso somente para alguns, é claro, eu inclusa. Mas acho que, no fundo, a novidade é boa. Significa que eu estou começando a apreciar melhor os momentos que tenho ao meu próprio lado.
Esses dias desejei loucamente chegar em casa logo para pedir comida chinesa e ver qualquer seriado desimportante na TV. Em algumas noites, recusei convites para drinks e vernissages para poder me embrulhar logo em meus acolchoados papeis de presente pessoais. Cheguei até a dar uma arrumadinha no meu armário, isso depois de chegar em casa e fechar logo a porta do quarto, hábito raríssimo e reservado aos momentos em que realmente não estou para papo com as colegas de casa. Minha próxima compra? Um abajur. Para poder ficar mais à vontade, à meia luz. Comigo.
Hoje também saí do filme na Mostra mais cedo. Não costumo apoiar esse tipo de decisão, mas eu estava cansada, com sono e um pouquinho de vontade de morrer de tanto tédio. Busquei aprovação das companheiras. "Você está gostando do filme? Acha que alguém vai me recriminar se eu for embora?" Depois do aval, fui. Fiquei superfeliz de ver que podia andar sozinha pelas ruas, entrar no meu carro e, enfim, já estar tão pertinho de casa. Sorridente, sem drama, sem indecisão.
Acho que o próximo passo é levar essa descoberta da solidão alegre para fora dessas quatro paredes. E ganhar a liberdade das ruas, como já diria um amigo. De mãos dadas comigo mesma.

2 comentários:

Joh disse...

A primeira e verdadeira reconciliação é a que fazemos com nós mesmos.

bjão

Priscilla disse...

É impressionante como me identifico com diversos post seus... acho que me encontro nessa mesma fase, tentando aceitar minha propria companhia, esse fds o filho ficou com o pai e eu procurei recusar todos os convites pra sair, aceitei um e uma hora depois queria voltar imediatamente a minha companhia...e confesso hoje, podemos nos dar bem com nós mesmas, definitivamente...
Prazer!!!